quinta-feira, 16 de julho de 2009

Depois que você me mandou limpar os óculos

É isso, sei lá, mas acho que amo você.

Amo de todas as maneiras possíveis. Sem pressa, como se só saber que você existe já me bastasse. Sem peito, como se só existisse você no mundo e eu pudesse morrer sem o seu ar. Sem idade, porque a mesma vontade que eu tenho de te comer no banheiro eu tenho de passear de mãos dadas com você empurrando nossos bisnetos.

Eu te amo de um jeito tão impossível que é como se eu nem te amasse. E aí eu desencano desse amor, de tanto que eu encano.

Ninguém acredita na gente: nenhum cartomante, nenhum pai-de-santo, nenhuma terapeuta, nenhum parente, nenhum amigo, nenhum e-mail, nenhuma mensagem de texto, nenhum rastro, nenhuma reza, nenhuma fofoca e, principalmente (ou infelizmente): nem você.

Mas eu te amo também do jeito mais óbvio de todos: eu te amo burra. Estúpida. Cega. E eu acredito na gente. Eu acredito que ainda vou voltar a pisar naqueles cocôs da sua rua, naquelas pocinhas da sua rua, naquelas florzinhas amarelas da sua rua, naquele cheiro de família bacana e limpinha da sua rua.

Outro dia me peguei pensando que entre dobrar aquela esquininha da sua rua e ganhar na mega-sena acumulada, eu preferia a esquininha. A esquininha que você dobrou quando saiu da casa dos seus pais, a esquininha que você dobrou chorando, porque é mesmo o cúmulo alguém não te amar. A esquininha que você dobrou a vida inteira, indo para a faculdade, para a casa dos seus amigos, para a praia. Eu amo a sua esquininha, eu amo a sua vida e eu amo tudo o que é seu.

Amo você, mesmo sem você me amar. Amo seus rompantes em me devorar com os olhos e amo o nada que sempre vem depois disso.

Amo seu nada, apenas porque o seu nada também é seu.

Amo tanto, tanto, tanto, que te deixo em paz. Deixo você se virando sozinho, se dobrando sozinho. Virando e dobrando a sua esquininha. Afinal, por ela você também passou quando não me quis mais, quando não quis mais a minha mão pequena querendo ser embalsamada eternamente ao seu lado.[tati bernardi]

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Omar Souza Coutinho

* 02/08/1914
+ 29/06/2009

Ele se foi.
Foi encontrar dona Edina.
Foi o fim da missão deles aqui.
Tô mais conformada.
Mas triste.

Omar Souza Coutinho desencarnou aproximadamente às 12h.
Seu corpo chegou ao Cemitério de Santo Amaro próximo das 16h.
Seu enterro será amanhã (30) às 11h.

Meu coração sente.
Dói.
E na cabeça passa turbilhões de lembranças.
Só o que ficou.

EU AMO MEUS AVÔS.
ETERNAMENTE!


Simone F. Balbo Coutinho

domingo, 28 de junho de 2009

Não estou preparada

Eu não estou preparada pra passar tudo de novo.
Mas a vida continua, e não espera que a gente recolha os caquinhos do nossocoração.
Continua. E agente não tem escolha. Não dá para parar.
Vovô Omar Souza Coutinho foi internado dia 23 às 14h.
Problemas pulmonar.
Probemas renal.
Problemas e mais problemas..
São os órgãos de 94 anos que estão fraquejando. :(

Triste, triste estou

Simone

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Eu te odeio.

Eu odeio a forma como você sorri e vem na minha direção.
Odeio quando você me abraça e cheira meus cabelos.
Odeio quando você fala sobre construir uma família e viajar .
Odeio quando você simplesmente me seca e sorrir com um ar perverso.
Odeio quando estou com raiva da vida e você vem me abraçar e cheirar meu pescoço.
E odeio quando mesmo tendo motivo pra ficar chateado comigo ainda assim sorri e pra variar me abraça.
Odeio quando você me segura na mão para atravessar a rua.
Odeio quando me convida pra comer em algum restaurante.
Odeio quando você diz que gosta muito de mim. Eu te odeio, e você vem dizer que gosta de mim?
Odeio quando você vem pedir pra eu cheirar seu novo perfume e ainda pergunta se eu gostei.
Odeio quando você conta suas histórias e aventuras do qual sei que não participei.
Odeio quando você começa a falar de alguma mulher gostosa.
Odeio como você entende e seduz as mulheres.
Odeio admitir que você é fascinante, viciante e não faz mal.
Odeio assistir as outras meninas sorrindo para você cheias de desejo.
Odeio ver seus braços fortes, suas pernas grossas e seu abdomen durinho.
Odeio quando você me puxa pra tentar dançar comigo.
Odeio quando você me elogia e me deixa sem palavras.
Odeio quando você me faz sentir uma mulher incrível.
Odeio quando você diz que eu nunca vou te esquecer.

Ahh como odeio sua barba mal feita e teu aspecto de homem com H maiusculo.
Odeio o calor do teu corpo quando me abraça.
Odeio como sua mão passeia no meu corpo e me faz lembrar que eu não posso.
Odeio pensar que mesmo se eu não te odiasse tanto assim, você não poderia me ter.

Eu não sei mais o que fazer de tanto te odiar.
Eu vou explodir se não contar,
que eu não consegui evitar de me apaixonar.


Simone

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Voltei, triste mas voltei. Primeira postagem de 2009.

Dia 25 de Abril Dona Edina Balbo Coutinho caiu no banheiro do apartamento onde Há 11 anos morava.
A trela ( ela se trancou no banheiro sozinha, sem a acompanhante) trouxe um ferimento na testa, a face roxa, um fratura no ombro e deslocamento do fêmu.

Os médicos queriam operar. Nossa família resistiu. Afinal, dona Edina aos 92 anos possuia um marca passo e uma saúde debilitada. Os médicos afirmaram: " Ou a família autoriza, ou ela não poderá nem sentar mais, por causa do fêmu, menos ainda andar".

A cirurgia foi rápida, deu tudo certo.
Vovó seguiu pra UTI. De onde só saiu três semanas depois e desencarnada.Os sinais de fraqueza surgiam diariamente, os rins pararam, infecção na vesícula e o pulmão parou de trabalhar.E só respirava artificialmente.

Todas as visitas que fiz na UTI eu ficava sentida. Afinal, a última vez que vi os olhos dela abertos foi um dia antes da cirúrgia.Depois disso, ela permaneceu sedada.

Ontem, 24 de Maio de 2009, ela descansou. Recebi a notícia pelo meu padrinho, que telefonou às 20:30 dizendo que chegou para fazer a visita na UTI do Esperança e não deixaram ele entrar pois estavam tentando reanimar dona Edina (Lê Edna).Antes da meia noite minha mãe me informou que o enterro seria no dia seguinte no cemitério de Santo Amaro.Era dormir pra acordar no dia seguinte e seguir pro velório.

Eu que nunca perdi nenhum parente depois dos meus dois anos de idade ( minha avó materna faleceu eu era muito bebê), não entendia bem de como é velório, como é, o que se faz, o que acontece ali diante do corpo de quem a gente ama. Apesar de arrasada, eu tava bem. Assim que cheguei no velório fui ver minha avó. Eu sabia que ela tava usando um vestidinho azul. Mas seu corpo tava todo coberto de flores, restando apenas o rosto marcado da pancada e ainda com a cicatriz dos pontos e algumas feridas na boca e no nariz, consequência dos tubos que a mativeram viva até então. Coloquei a mão na testa dela. Meu Deus como ela tava fria! Todo o toque que tive com ela no período que esteva na UTI foi assim.Tocava na testa, nos cabelos e até nas mãos.

(continua)..[vou continuar..só preciso de um instante..]